Apresentação da Tour Mundial

 
 
 
 
 
A Inkarri Associação Multicultural através das mãos de Juan Ruiz Naupari, o seu Director Internacional, coopera há mais de 20 anos com mosteiros tibetanos com o objectivo de ajudar a manter vivo o Budismo Tibetano,  uma tradição cultural e espiritual que todavia é genuína, pois mantém as suas práticas e rituais originais. 

 

Importa recordar que, depois da invasão do Tibete pela China, muitos monges tiveram que deixar o Tibete e exilarem-se na Índia, onde nem sempre alcançaram conseguir as condições mínimas de saúde e educação. Assim que é nosso objectivo continuar a cooperar com alguns mosteiros para que estes possam continuar a sustentar e educar os seus monges e consequentemente manter viva esta bela linhagem. Por outro lado também é nossa intenção, permitir que o ocidente conheça esta cultura e beneficie das suas práticas de rituais tão poderosas para a saúde física, emocional, mental e espiritual ajudando a construir a Paz Interior. Por isso chamamos a estas viagens que os monges farão pela Europa e Estados Unidos a Tour Mundial pela Paz Interior.

Enquadramento

 O Tibete está situado na zona fronteiriça do sudoeste da China. Tem uma extensão aproximada de 1.200.000 km2. Nessa região predominam as altas montanhas, com uma altitude média de 4000m, daí que se conheçam como o tecto do mundo. É um território rico em recursos naturais, minerais e geotérmicos. Conta com mais de 5,700 variedades de plantas e uma grande variedade de aves e outros animais.

Durante milénios o planalto tibetano permaneceu oculto entre os glaciares dos Himalaias, povoando-se por uma gente calorosa e hospitaleira, cuja civilização alcançou conviver em harmonia com o meio ambiente natural.

Fechado ao mundo exterior, o Tibete foi considerado como um país mágico e misterioso. Em 1959 foi invadido pela China e até há poucos anos, cotam-se os que tiveram a oportunidade de conhecer plenamente o seu legado à humanidade.

Os monges deste mosteiro formam parte dessa história, e chegam ao nosso país para partilhar a sua cultura e tradição através de seminários, cantos sagrados, cerimónias curativas e também dos seus costumes, vestuário e vida comum, entre outros aspectos. Gaden foi fundada originalmente no Tibete por Tsongkhapa (1357-1419), o grande pregador, santo e indígena erudito budista tibetano. No ano 1409, Tsongkhapa estabeleceu o Mosteiro Gaden e consequentemente a Escola Gelupa do budismo tibetano, também conhecida pela secção do Chapéu Amarelo, cresceu.

O mosteiro de Gaden era um dos Den-sa sum, dos três mosteiros mais famosos do Tibete. Foi magnificamente construído sobre uma grande montanha, a 14.000 pés sobre o nível do mar, num lugar bonito, tranquilo e muito adequado para o desenvolvimento espiritual. O mosteiro estava situado a uns 50 quilómetros a este da cidade de Lhasa, a capital do Tibete. Há duas escolas universitárias dentro do mosteiro de Gaden, o Shartse a Este e o Jangtse a Oeste. Gaden era conhecido por ter uma população de mais de 3.300 monges durante os primeiros anos de 1900. Mais tarde, em 1950 a população do mosteiro cresceu até aos 5000 monges. Gaden rapidamente tornou-se muito conhecida pela sua disciplina moral, valores académicos e espirituais. Não residiam aí apenas os monges que cumpriam todas as regras do Vinaya, ou de disciplina moral, mas também monges que chegavam de todas as partes do Tibete, Mongólia, China, Japão e do Norte da Índia. Ainda que os monges que entravam no mosteiro eram de diversas idades, os mais jovens começavam os seus estudos aos sete anos. Independentemente de estudos especializados, todos os monges estudavam música religiosa, arte, escultura, trabalhos administrativos, etc. Em ambas as escolas, Shartse e Jangtse, o Sutra budista -se o Tantra ensinam-se e praticam-se num programa combinado. Isso contrasta com muitos outros mosteiros Gelupa, onde o estudo do Sutra e do Tantra mantêm-se separados. Assim, estudar em Gaden significa adquirir conhecimento tanto no âmbito do Sutra como do Tantra.

 

Exílio na Índia

Em 1950, o Exército de Libertação Popular de China invadiu e ocupou o Tibete. Em 1959, Sua Santidade o Dalai Lama viu-se obrigado a fugir da Índia para sua segurança e dos tibetanos. Índia, com bondade, ofereceu aos tibetanos um lugar seguro para viver e manter a sua cultura e religião intacta. Mais de cem mil tibetanos seguiram o seu líder espiritual, Sua Santidade o Dalai Lama ao exílio, onde agora estão vivem, seja na Índia, Nepal ou Butão. Para o governo em exílio, a educação das crianças converteu-se numa prioridade. Portanto, constroem-se escolas. Posteriormente os tibetanos observaram que na maioria destas, a educação estava fortemente influenciada pelo estilo de educação e vida na Índia e que uma parte da educação tibetana estava a ser ignorada; esta situação juntamente com a destruição de templos e centros de ensinamentos no Tibete e a clamada “Revolução Cultural”, propiciou que alguns monges tibetanos maiores em exílio, se unissem sob a guia sábia de Sua Santidade o Dalai Lama, com o apoio do Governo e modestas contribuições de compatriotas tibetanos, restabeleçam o Mosteiro Gaden no sul da Índia, unicamente para reavivar a educação tibetana, cultura e os ensinamentos puros budistas.

 

Início de Gaden Shartse na Índia

O início do mosteiro de Gaden na Índia foi muito difícil, devido às diferenças climáticas dramáticas do Tibete e ao calor intenso. Apesar de todas as dificuldades, em 1970 Gaden Shartse foi formada por 85 monges refugiados perto da remota aldeia de Mundgod, no estado de Karnataka, sul da Índia.

Hoje em dia conta com mais de 1.400 tibetanos com bolsas de estudo, escritores, estudantes e administrativos que se organizam por Khangtsen, que são como pequenos mosteiros dentro do grande mosteiro que é Gaden. Os primeiros membros de Gaden Shartse restabeleceram-se nos campos de refugiados de Mundgod, a uma noite e de carro da cidade de Bangalore. Inicialmente, foram proporcionadas tendas através de donativos e os monges juntos, colocaram uma estrutura de tecto de palha de bambu para servir como sala comum. Nessa estrutura humilde oravam, estudavam, debatiam, comiam e dormiam. Muitos monges morreram de doença e exaustão. Experimentando e equivocando-se, aprenderam a adaptar-se ao novo ambiente e foram capazes de fazer vida modesta mediante o cultivo da terra que se lhes proporcionou.

Três anos depois inscreveu-se o primeiro grupo de novos estudantes; estes iam dos 10 até aos 16 anos de idade aproximadamente. Todos eram crianças da comunidade tibetana no exílio. Os estudantes mais avançados e com suficientes conhecimentos na Literatura, História e Budismo passaram a ser parte do pessoal. Em quatro décadas, a população de Shartse aumentou a mais de 1.200 monges, incluindo residentes académicos, escritores, administradores e estudantes de diferentes partes do mundo; Tibete, Índia, Butão, Nepal, Taiwan, Europa e EUA. No entanto, está localizado na comunidade de refugiados de um país em desenvolvimento e com o constante aumento do número de alunos, continuando a lutar para proporcionar aos estudantes e professores bons serviços básicos, de educação, saúde e outras necessidades essenciais.

Gradualmente, os programas educativos começaram a demonstrar um crescimento e um êxito sustentados. A admissão, instrução e alojamento é fornecido sem custos. Têm-se dado preferência a crianças que eram órfãos ou vinham de famílias muito pobres.

 

Programas Académicos e Administração

A educação, a preservação e o desenvolvimento da cultura tibetana é a principal prioridade de Gaden Shartse. O reitor da Universidade, abade do mosteiro, é eleito directamente pela Sua Santidade o Dalai Lama. A administração do centro está principalmente sob a coordenação dos membros residentes e muitos ajudantes de escritório trabalham voluntariamente com um salário de dez rupias índias (aproximadamente US$1 por mês).

 

Subsistência do Mosteiro

Actualmente a Universidade Monástica de Gaden Shartse é uma instituição cultural e educativa com fins não lucrativos e mantém-se graças à agricultura dos 84 hectares doados pelo governo indiano para suportar economicamente o Mosteiro. À diferença de outros centros educativos, não conta com um fundo de ajuda por parte do governo. Os ganhos obtidos com a venda das suas colheitas são canalizadas para manter as necessidades diárias do centro. Por tal motivo cada membro residente com a idade de 17 anos começa a trabalhar no campo, de quatro a seis meses por ano. Às vezes são obrigados a pedir pequenos empréstimos para enfrentar as necessidades diárias da comunidade e atende-la em tempos de dificuldades financeiras como por exemplo quando há períodos de seca que afectam as colheitas.

 

Há muitos problemas a necessitar de solução e projectos que necessitam ser implementados, desenvolvidos ou concluídos. De entre muitos pode-se nomear a construção de salas de estudo, o melhoramento e manutenção da biblioteca, instalações e material para a saúde e higiene entre outros. O problema mais grave que enfrenta o Mosteiro desde o seu estabelecimento na Índia, é a comida para os 1.400 monges que hoje habitam o mosteiro já que, à parte dos donativos recebidos pelos nossos bem feitores, não têm outra fonte de receitas. Em cada dia chegam mais monges e crianças refugiadas do Tibete e o mosteiro luta para os poder acolher. Há crianças que dormem no chão porque não há camas. A inflação e os preços dos produtos básicos tornam tudo mais difícil. Os gastos com comida são muito elevados. Mensalmente ascendem trezentas mil rupias índias (10.000 dólares americanos). A alimentação consiste numa taça de chá e um pedaço de pão para o pequeno-almoço, o almoço, uma taça de chá doce às 3 da tarde e arroz e lentilhas para o jantar (às vezes macarrão tibetano).

 

Actividades Diárias em Gaden Shartse

O dia começa às 6:00 da manhã quando todos os monges se reúnem no salão de actos para as orações da manhã e pujas. Os monges tomam o seu pequeno-almoço às 6:30 a.m. e depois assistem às suas aulas diárias até às 11:00 a. m., momento em que fazem uma pausa de poucas horas para comer. Pela tarde os jovens estudantes passam o seu tempo na escola, enquanto os estudantes de alto nível assistem aos ensinamentos privados dados por professores atribuídos. O jantar serve-se às 5:00 p.m. A sessão de debate diário é entre as 18h30 e as 22h30 excepto às segundas-feiras, dia de descanso semanal no mosteiro. A maioria dos monges graduados passam o seu tempo a ensinar estudantes, a realizam as suas práticas espirituais, a trabalham para ajudar a população com actividades espirituais e sociais e realizam trabalhos administrativos e de investigação em diversas áreas dos ensinamentos budistas .

Metas e Objectivos de Gaden Shartse

1 .  Preservar, difundir e propagar os ensinamentos de Buda Gautama em todo o mundo.

2 . Ter monges budistas que sejam professores altamente qualificados para difundir a mensagem real de Buda.

3 . Melhorar a fraternidade no meio das diferentes tradições religiosas do mundo através do amor, atenção e amabilidade.

 4 . Conservar os ensinamentos puros de Tsongkhapa com enfoque especial na tradição transmitida através de gerações de estudiosos de Gaden Shartse .

 5 . Difundir os ensinamentos preciosos do grande Tsongkhapa em todo o mundo para beneficiar a todos os seres sencientes.

 

Nyagre Khangtsen

O Mosteiro Shartse tem onze Khangtsen. Son Dokhang, Phukhang, Neagre, Sockpa, Lhopa, Thepo, Ngari, Taeon, Gungru, Sungchu e Chone. Os Khangsten são mosteiros com o tamanho e funções limitadas (como uma faculdade da Universidade). Cada Khangsten tem o seu próprio órgão administrativo e o monge maior do Khangtsen é em geral quem está a cargo da aplicação das normas e regulamentos, enquanto que um comité de alguns monges se ocupa dos assuntos financeiros. A responsabilidade mais importante de cada Khangtsen é a de proporcionar alojamento aos seus monges.

Nyagre Khangtsen é uma das mais antigas e principais Khangtsen de Gaden Shartse. Foi fundada por discípulos do grande yogui Ñagserin, praticante da divindade yoguini Dorje Pagmo (Vajrayoguini), originalmente na região Dragyap (Kham, Tibete). Os seus alunos, enviados para continuar a sua formação e estudos no mosteiro Gaden, fundaram Nyagre Khangtsen em 1418. Desde então, tem sido a sede de grandes mestres realizados, Gaden Tripa (titulares do trono de Gaden), abades do mosteiro, Geshes Larampas, conservando as tradições mais puras. Nyagre Khangtsen conta com mais de duzentos monges, muitos deles jovens exilados de Tibete, e precárias condições, e também alguns monges maiores.

 

TOUR MUNDIAL PELA PAZ INTERIOR 2014

 

EM 2014 a Inkarri continua com o Mosteiro Gaden Shartse, mas este ano o propósito é ajudar uma das suas casas, Nyagre Khangtsen, que se encontra numa situação de grandes dificuldades.

 

Nyagre Khangtsen foi obrigada a contrair uma divida de 95.000€ para poder fazer reformas de urgência devido ao mal estado das suas instalações, que já não estando bem, sofreram uma maior destruição pelas chuvas da monção passada. Pretendemos, através da Tour Mundial pela Paz Interior, recolher fundos através das actividades realizadas e possibilitar a Nyagre Khangtsen saldar sua divida e também ajudar na solução de problemas sanitários e educativos urgentes.

Muitos dos monges jovens exiliados do Tibete sofrem com graves problemas de saúde provocados pela viagem ou pelo clima. Estes monges necessitam ser atendidos, pois não dispõe de recursos nem tão pouco de família na Índia que os apoie. Como Gaden Shartse e seus Khangtsen continuam a acolher monges e crianças refugiadas do Tibete, estão a debater-se agora com um grande problema de espaço. Não tem espaço nem condições para acolher estes refugiados em condições. É urgente construir mais instalações, comprar camas, etc. Também é urgente conseguir fundos para a construção de uma casa anexa para o retiro de monges maiores e para pagar aos professores de Inglês que são imprescindíveis para a conclusão da educação dos monges.